Renovada, a continuação da história de Ori permanece encantadora
- elisaromeraf
- 21 de jun. de 2024
- 5 min de leitura
O jogo, lançado em Março de 2020, conquistou uma legião de fãs graças ao seu impecável caráter artístico associado à ótima aplicação do gênero metroidvania (Foto: Nintendo)
Por Elisa Romera de Freitas
Mais uma vez, a Moon Studio não poupou nossas lágrimas. A sensibilidade carregada pela continuação da história de Ori preenche nossos corações e transborda por nossos olhos que, após acompanharem as dores e anseios em Blind Forest, são cativados, novamente, pela trama igualmente encantadora de Ori and the Will of the Wisps.
Assim que iniciado, acompanhamos o enredo diretamente após o fim do jogo anterior e, com a família restabelecida, nos deliciamos de um pequeno e breve gostinho do cessar da solidão, essa que carregamos junto do personagem principal durante toda a primeira gameplay. Ori, depois de viver uma aflição contínua por ter perdido sua mãe adotiva, Naru, finalmente a recupera, construindo também um laço intenso de carinho com Gumo. Ele, por fim, não estava mais sozinho.
Portanto, em Will of the Wisps, não há mais a angústia da solidão. Apesar de, após um acidente, Ori se perder de seus companheiros e de sua irmã Kun, existe sempre a batalha para, novamente, se encontrarem. O sentimento em nossos corações, nesse novo desenrolar da história, é substituído por uma ansiedade em busca da união dos personagens.
Ori e Kun têm uma relação de irmãos, já que o primeiro acompanhou o nascimento e crescimento da corujinha filha de Kuro, o antigo vilão (Foto: Microsoft)
UMA NOVA ETAPA, MENOS SOLITÁRIA
Ao contextualizá-los na narrativa, tomo muito cuidado com as palavras para não estragar sua experiência enquanto jogadores, por isso, contarei apenas as primeiras cenas retratadas e deixarei que as demais, cheias de emoções e plot twists, fiquem abertas para que sejam vividas diretamente.
Quando a tela do computador brilha na primeira imagem, vemos o nascimento de Kun e sua adoção pelos personagens, felizes por terem-lá consigo. Acompanhamos rapidamente o crescimento da pequena corujinha que, em dado momento, demonstra grande insatisfação por não poder voar, já que uma de suas asas é falha. Quando, por fim, Ori consegue ajudá-la a superar esse problema, os irmãos são pegos por uma tempestade e, assim, separados do resto da família.
A partir da visão de Ori, seguimos, então, em uma simples, mas bela, sequência de atos em busca de Kun e dos demais membros da família. Neste meio tempo, conhecemos diversos NPCs que nos auxiliam em nossa viagem, proporcionando pequenas side quests e sempre nos guiando até o nosso objetivo final, sem necessidade de desvios pelo caminho.
Ori and the Will of the Wisps, fundamentalmente, é uma história sobre amor familiar e sobre encontrar seu lugar no mundo junto daqueles que lhe amam (Foto: Microsoft)
Esses novos personagens são falantes, diferentemente do primeiro game, em que a Árvore dos Espíritos e a bola espiritual protagonizaram todas as falas do jogo. Porém, toda a família, mesmo muda, é capaz de expressar cada um de seus sentimentos com esplendor, graças à excelência da animação e da trilha sonora.
ESTRUTURA E MECÂNICA RENOVADAS
Os NPCs que habitam toda a floresta são, na realidade, uma das mais importantes implementações de Will of the Wisps. Isso pois, a partir deles, foi disponibilizado um sistema comercial. Distinto de Blind Forest, em que as habilidades eram automaticamente adicionadas ao personagem a partir de árvores de energia, desta vez, Ori pode obtê-las ao negociar com os animais.
Assim, uma nova gama de possibilidades foi implementada no jogo: agora não dependemos mais da bola espiritual para realizar os ataques, podemos invocar, também, outras armas como um grande martelo, uma espada, um arco, dentre outros. Entretanto, ainda devemos, para o desenrolar do jogo, encontrar as skills oferecidas pelas árvores, além de resgatar os fragmentos de habilidade espalhados pela floresta.
O gênero do jogo, conhecido como metroidvania, é constituído por jogos de aventura e, particularmente, caracterizados por suas semelhanças com dois jogos clássicos: Metroid e Castlevania (Foto: Windows Central)
Apesar dessa vastidão, apenas três podem ser equipadas na árvore de habilidades que, por sinal, está com uma cara completamente nova. Para as skills inativas – aquelas que ocorrem automaticamente, sem necessidade de apertar um botão -, há, ainda, quatro espaços iniciais, mas que são estendidos conforme a realização de totens e desafios. Prepare-se para utilizar muito esses espaços pois, ao decorrer do jogo, será necessário sempre se adaptar escolhendo diferentes habilidades.
Com as difíceis sequências de plataformas e com os chefões desafiadores, o que você mais vai precisar é compreender quando e como usar determinadas skills. Aqueles que jogaram Blind Forest sabem muito bem como é fácil perder a cabeça tentando, repetidamente, passar por partes específicas do mapa, o que se mantém na segunda obra. Mas, convenhamos, é aí que está grande parte da graça do gênero metroidvania.
Com um mapa muito mais extenso, os obstáculos também aumentam. Em diversos momentos, o verdadeiro desafio não é encarar aqueles enormes animais assustadores – também conhecidos como bosses -, mas sim fugir deles, o mais rápido possível, entre plataformas perigosíssimas. Nesses momentos, a ansiedade que já citei várias vezes domina nossas mentes, demonstrando a imersividade inabalável de um jogo tão bem construído.
UM MUNDO DE ARTES FANTASIOSAS
Recheado de cutscenes e animações de qualidade inquestionável, Will of the Wisps é, sem dúvidas, uma obra de arte. Se integrando com o jogo, constantemente observamos em alguma das várias camadas do cenário, personagens importante para a lore correndo pelos cantos de maneira tão fluida que, às vezes, podemos até nos esquecer que aquilo que se passa em nossa tela não é um mundo verdadeiro, mas sim construído por pixels.
Ao jogar Ori, a sensação é a de habitar temporariamente uma belíssima pintura aquarelada, cheia de seres místicos, espiritualidade e animais curiosos que, nessa continuação, interagem mais diretamente com o mundo e conosco. Tudo isso, em uma construção artística impecável que traz uma imersividade absoluta, interligando a história do jogo, o cenário magnífico e suas diversas dimensões e, claro, nós, jogadores.
Todo o belo cenário, com suas diversas camadas que trazem dimensão e imersividade ao jogo, constroem um mundo belíssimo e completo (Foto: Microsoft)
Não poderia faltar, também, uma trilha sonora impecável, capaz de contribuir ainda mais com a capacidade de absorção do game, assim como com sua identidade, trazendo sempre aquele ar místico e sensível. E é exatamente isso que Will of the Wisps nos entrega. Com músicas diferentes para cada parte do mapa, a intensidade ocorre de acordo com as aventuras, acompanhando seus altos e baixos.
Ori and the Will of the Wisps é uma obra completa. Ela atende com excelência todas as singularidades do gênero em que se enquadra, o metroidvania, enquanto também exerce um impecável papel artístico, conquistando por completo qualquer jogador. O jogo, de uma história simples e encantadora, tem suas mecânicas – muito completas – facilmente compreendidas e, portanto, é ótimo para gamers iniciantes, que querem iniciar suas aventuras mas, ainda, não conhecem os funcionamento dos mapas e árvores de habilidades. Versátil, é inesquecível para todos que o conhecem.
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